Como investir em ações

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O investimento em ações é, por definição, um investimento em renda variável. Isto quer dizer que você entra no investimento sem ter um retorno fixado ou um indexador ao qual esse investimento irá render. Assim, é considerado um tipo de investimento mais arrojado, o que demanda maior cuidado por parte do investidor antes de entrar neste mercado.

Neste post iremos esclarecer os principais pontos a serem considerados para se investir em ações. São eles:

  • como funciona o mercado de renda variável;
  • quais tipos de análise são mais utilizados no mercado de ações e;
  • onde iniciar.

Como funciona o mercado de renda variável

Ao comprar uma ação você está, efetivamente, se tornando um sócio da empresa.

Pensando assim, quais são as formas de geração de riqueza para o dono de um negócio?

  • Dividendos, que é a remuneração pelo capital investido (ou, de forma análoga, a parte dos lucros da empresa que são distribuídos aos seus sócios), e também ganho de capital, que seria o crescimento de valor da empresa.

Pense numa empresa que possui um alto faturamento, porém, sua despesa é muito alta e, ao final do período, incorre em prejuízos. Esta empresa, caso a situação ocorrida seja perene, estará impossibilitada de distribuir dividendos e também irá destruir valor ao longo do tempo, isto é, seu crescimento será negativo. Neste caso, o acionista desta empresa terá somente perdas. Por outro lado, aquela empresa que possui lucros recorrentes, reinvestindo uma parte e crescendo seu negócio, estará gerando valor e distribuindo ganhos aos seus acionistas. É com essa visão que você deve partir sua análise sobre esse investimento.

Uma recomendação normalmente utilizada no mercado é para que você invista em empresas que você conheça, e que entenda o modelo que ela utiliza para ganhar dinheiro. Veja que aqui há uma diferença, você como consumidor de uma empresa, e você como o dono dela.

Como exemplo, imagine duas lojas que você costuma consumir produtos:

A primeira loja, de departamentos, você compra suas coisas com frequência, e sempre enfrenta filas na hora de pagar. Seus produtos são de qualidade e o mercado consumidor geral enxerga isso.

A segunda loja você adora o sorvete que é vendido lá, porém, há duas outras sorveterias próximas e que estão sempre cheias, enquanto a que você compra está sempre vazia. É fácil notar que você é consumidor das duas lojas, e conhece bem seus produtos, entretanto, também é perceptível a diferença do ponto de vista dos donos destas lojas.

Desta forma, é muito importante que você, uma vez que esteja iniciando no mundo de renda variável, conheça a empresa em que irá investir, e também tenha discernimento para enxerga-la pelo prisma do dono.

Análises de ações

Podemos dividir a análise de ações em duas grandes escolas: a fundamentalista e a técnica. Dentro do escopo do presente artigo, iremos dimensionar as duas sem grande detalhamento, dada a vasta literatura sobre elas, que serão cobertas em publicações posteriores no blog.

A escola técnica é também chamada de grafista, pois o principal recurso utilizado são os gráficos de performance em um determinado indicador de uma ação.

O principal objetivo da análise técnica é observar o histórico de uma ação, seja na sua movimentação de preços, médias, volume de negociação, etc., para explicar os movimentos nos preços futuros. Este tipo de análise tem, como característica essencial, o objetivo de retornos de curto e médio prazo. É aqui onde os chamados traders ganham seu sustento. Muitas vezes esta análise pode ser com janelas de horas, ou até minutos. Operações de day-trade (aquelas onde o investidor abre e encerra a posição num mesmo dia) são muito comuns nesta estratégia.

Neste tipo de análise a estrutura da empresa, como ela gere suas operações (muitas vezes até qual é a empresa), acabam não sendo fatores essenciais na decisão de investimentos. Como exemplo, um trader técnico poderia comprar um papel de uma empresa que estivesse com prejuízos recorrentes, desde que suportado por um comportamento favorável dentro de uma ferramenta gráfica.

A escola fundamentalista busca analisar a empresa a partir dos seus (desculpe a redundância!) fundamentos. Isto é, o investidor busca colher o maior número de dados e informações sobre a empresa na qual ele pretende investir, ou seja, sua performance financeira, através de balanços anuais, trimestrais, divulgações em seu site, conversas com executivos da empresa, assim como análise mais detalhada sobre o setor na qual a empresa se situa, variáveis macroeconômicas que podem afetar a sua performance, etc.

Dentro desta escola há também algumas subdivisões, como a separação entre investidores fundamentalistas de valor e de crescimento, assim como análise bottom-up e top-down.

Veja nosso conteúdo completo sobre Análise Fundamentalista. Clique no link.

Os investidores de valor buscam analisar ações que estejam “baratas”, dentro do processo de precificação utilizado (termo muito utilizado em finanças, o valuation da empresa), ou seja, pela análise o valor da ação deveria estar acima do observado. Enxergando esta discrepância, o investidor compra este ativo, esperando que suas perspectivas se concretizem e o mercado corrija essa distorção, propiciando um retorno ao investidor.

investidores de crescimento buscam empresas que apresentem grande potencial de crescimento nas vendas/lucros, para que, assim, tenham performance superior no mercado acionário. Neste caso, a preocupação principal não é o preço atual do ativo, e sim se seu potencial de crescimento é sustentável e por quanto tempo.

Com relação às análises bottom-up e a top-down, a diferença está entre a ordem de prioridade das variáveis analisadas. A bottom-up (do inglês de baixo para cima) busca entender os fundamentos da empresa para depois olhar as variáveis macro (setor, economia e indicadores que possam afetar essa ação). Por outro lado, a top-down (do inglês de cima para baixo), olha primeiro as variáveis macroeconômicas para depois descer a análise para o micro, no caso o setor depois a empresa específica.

Como exemplo do primeiro caso, o investidor analisou três empresas de setores diferentes nas quais ele viu boa condição financeira e operacional, logo, com boas perspectivas de ganhos. Em seguida, ele passa a olhar variáveis macro, como, por exemplo, previsões de inflação e taxas de juros. Vendo um cenário, ele escolhe aquela ação que melhor tem condições de performar dado o cenário dessas variáveis. Como exemplo da top-down, o investidor analisa cenário de câmbio, e vendo a perspectiva de subida, “desce” para procurar empresas exportadoras, ou seja, aquelas que se beneficiariam de uma alta do dólar.

Onde iniciar

Para uma pessoa investir no mercado acionário, ela tem que fazê-lo por meio de uma corretora ou distribuidora de valores. Somente elas podem operar no sistema da bolsa de valores, no caso brasileiro a Bovespa. Uma figura que tem auxiliado bastante nesse processo tem sido a do Agente Autônomo de Investimentos, que é um profissional que atua no auxílio e repasse de informações sobre investimentos para seus clientes, não cobrando remuneração para tais serviços, uma vez que ele é remunerado pela corretora com a qual ele seja credenciado. Sobre esta figura, falaremos mais em posts posteriores.

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